Scutigerella immaculata: já viu ou ouviu falar?

No entanto, a Scutigerella não é um inseto, mas sim um artrópode sem pigmento (DEMANGE 1981; ABARCA, 1996) que vive no solo e movimenta-se nele verticalmente, de acordo com as condições de temperatura e umidade, e pode ser responsável por danos em diversas culturas de interesse agrícola.

O sínfilo (Figura 1) pode viver no solo por um período que varia de seis meses a um ano, ainda que alguns possam chegar a até quatro anos ou mais. Durante esse período, o artrópode dá origem a várias novas gerações. Sua presença mais na superfície ou mais em profundidade no solo é dependente da temperatura e da umidade. Em condições de solo úmido e quente, a praga tende a se acumular nos primeiros 15 cm de solo. Já quando o solo está mais seco e com temperaturas mais baixas, a S. immaculata migra para camadas mais profundas.

Em termos de anatomia e morfologia, o adulto de S. immaculata possui um tronco com 14 segmentos, dentre os quais, os 12 primeiros estão conectados cada um a um par de pernas. Mesmo não tendo olhos, ele é capaz de reconhecer o ambiente.  A maleabilidade da sua cutícula e a flexibilidade dorso-ventral de seu tronco permitem que a praga se contorça enquanto rasteja, o que lhe confere agilidade, possibilitando uma fuga rápida de predadores.

Os ovos de Scutigerella immaculata são branco-perolados e esféricos com cristas hexagonais (Figura 1). O período de incubação dos ovos leva em média de 25 a 40 dias, quando a temperatura fica entre 10 °C e 21 °C. Entretanto, com um aumento de temperatura, próximo a 25 ºC, a eclosão é acelerada e ocorre em cerca de 12 dias.

Do ovo emerge um sínfilo com 6 pares de patas que passa por 6 mudas ou ecdises, em cada uma delas, ocorre a adição de um par de pernas e segmentos antenais. O tempo decorrido entre ovo e adulto sexualmente maduro (sétimo ínstar) é de aproximadamente 2 a 3 meses, quando a temperatura está em torno de 27 °C.

Por mais que pareça inofensivo, S. immaculata possui potencial danoso para a agricultura por poder alimentar-se de sementes, de raízes e de pelos radiculares, causando danos ao sistema radicular das plantas. Este dano leva à desnutrição das mesmas, desacelerando seu crescimento ou até, em casos mais extremos, provocando a sua morte, reduzindo o stand de plantas esperado (Figura 2). Plantas com nanismo também podem ser identificadas em função da destruição do sistema radicular causado pela praga. É comum reboleiras com plantas pouco desenvolvidas, o que acaba se assemelhando a reboleiras de nematóides, por isso, podem passar facilmente por solo com nematóides.

Importante destacar que a praga não se restringe a uma única cultura, muito pelo contrário, alguns exemplos de espécies nas quais o sínfilo causa danos são abacaxi, alface, morango, brócolis, aipo, beterraba, batata, cenoura, feijão, milho, soja, algodão, algumas flores, entre outras.

Assim, é importante estar sempre atento à presença ou não do artrópode no solo. Para essa identificação, há um método simples e fácil que pode ser empregado, e que será descrito a seguir:

1. Faça uma abertura de 10 a 20 cm de profundidade no solo e use como isca uma batata inglesa cortada ao meio.
2. Coloque a batata no fundo da abertura com a superfície cortada voltada ao solo; cubra com solo.
3. Demarque o local onde está cada isca.
4. Retorne em 2 ou 3 dias para a avaliação das iscas (em solos com maior umidade, 2 dias são suficientes, para evitar o apodrecimento da batata).
5. Ao identificar a presença da praga, chame um representante do time da Sumitomo Chemical para lhe ajudar!

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